segunda-feira, 21 de abril de 2014

Duas igrejas, uma cidade

Parece que uma prática tem se tornado comum na Igreja do Nazareno nos últimos anos. Aliás, essa e mais uma pancada delas.

O fato, que passa despercebido por muitos membros, pois só quem vivencia consegue checar isso, é que somos uma igreja MUITO desorganizada.

Falo isso por conhecimento de causa. Um dos pontos que me faz encarar essa realidade como fato é a forma como o distrito lida com implantação de novas igrejas.

Vou contar uma história que vai servir pra dois casos, de duas cidades próximas, aqui em São Paulo.

Faço parte da igreja de Itapira-SP, uma ex-congregação de Amparo - que praticamente abandonou e ignorou a existência da mesma depois que meu pai decidiu entregar o trabalho na cidade após 16 anos...  Uma congregação é dependente da igreja mãe até ter autonomia própria, o que significa conseguir pagar as contas e despesas corriqueiras de um local alugado (aluguel, energia, agua, etc.).

Mesmo estando descrito, em ata assinada pela junta, uma decisão de que a igreja de Amparo deveria ajudar a congregação até que ela se tornasse independente, isso não foi feito. Aliás, ata é outra coisa que virou sem importância em alguns casos. Em outros casos, serve apenas pra comprovar uma manipulação de uma autoridade superior.

Dizem que a junta é soberana, mas isso depois de ser influenciada e pressionada a fazer determinadas escolhas. Mas nesse texto não vem ao caso discorrer sobre isso. Em breve, um texto com informações mais específicas sobre o que estou falando aqui, será escrito e divulgado. Apertem seus cintos...

Continuando, após a abertura da igreja em Itapira, e agora fazendo quase 2 anos e meio, ficamos sabendo de uma situação no mínimo bizarra. Outra igreja foi aberta na cidade há pelo menos 5 meses atrás!!!

Checando as informações, percebemos que o responsável é um pastor de Mogi Mirim, que abriu o trabalho através de pessoas que frequentaram a nossa igreja. Sim... Pessoas que, ficaram 1 mês na nossa igreja, agora estão lá na "nova congregação", liderando o trabalho em conjunto com irmãos de Mogi Mirim!!!!

O que há de errado nisso? Mais uma igreja pra somar né!? Pois é. Só que não. Se isso fosse feito de forma transparente, ok. Mas foi feito às escuras, por baixo dos panos. Não houve nem uma ligação ou uma procura pelo pastor Mauro, que cuida do primeiro trabalho aberto na cidade. Além disso, membros da igreja foram convidados à ir nessa "nova congregação".

Bizarro né? Mas parece que para o superintendente do Distrito SP, não. Ele foi procurado, e disse que iria conversar com o pastor de Mogi Mirim a respeito. Mas isso fazem 2 meses e... NADA foi feito.

O pastor Mauro procurou o pastor de Mogi Mirim, e disse a ele que isso era anti-ético. O mesmo respondeu que iria encerrar o trabalho, mas que a igreja estava conseguindo "se pagar", ou seja, já tinha condições de pagar aluguel e as demais despesas. "A ideia é sempre somar", falou o querido pastor... Parece que alguém faltou na aula de álgebra...

Os fins justificam os meios


Se foi feito de forma anti-ética ou sem escrúpulos, mas tá dando certo, tudo bem! Se a igreja está sendo estabelecida com gente que saiu da outra, sem problemas! Se o pastor que já tinha uma congregação na cidade nem foi avisado, ora, pra quê ter o trabalho de conversar agora? Deixa como está!

E assim vamos seguindo, de forma desorganizada, anti-ética e com falta de responsabilidade e atenção com as outras pessoas. O importante é RESULTADO. Mesmo que pra isso, o distrito não se responsabilize e nem mova UM DEDO pra algo acontecer.

Lembra que falei que a igreja de Amparo deveria ser responsável por "sustentar" a igreja de Itapira até ela conseguir "se virar" sozinha? Pois é. De lá não veio UM centavo. Tudo saiu do bolso do pastor Mauro, numa história que é quase o reflexo do que aconteceu no início do trabalho em Amparo. Eu e minha família já passamos fome e dispusemos dos nossos bens pra sobreviver. Ninguém sabe disso porque não somos hipócritas de expor essa história, porque foi feito pra Deus, de bom grado. Só que uma hora a fonte seca...

Essa história das duas igrejas é tão tosca que já está sendo comentada por pessoas de outras igrejas na cidade. Pastores que são amigos do pastor Mauro já o procuraram pra saber se ele tinha aberto uma segunda igreja. Pois é... cena patética né?


Outro caso

Parece até coincidência, mas esse caso de duas igrejas que não sabem da existência uma da outra é mais comum do que se imagina na nossa igreja.

Esse mesmo tipo de situação acontece, adivinhem, em Amparo! Sim! Existe uma "missão", que fica no centro da cidade - "igreja missão" é um trabalho chamado assim por anteceder a abertura da "congregação", termos apenas pra organização. A maior ironia é que fica a 20 metros da minha casa...

Sabe quem freqüenta e organiza essa "missão"? Ex-membros da igreja de Amparo!!! Parece piada pronta!!!!

O mais grave é que, uma pessoa, que já foi membro da JUNTA DA IGREJA, estava frequentando essa "nova congregação"!!!! Junta, meus irmãos, é uma posição extremamente importante, onde os membros são escolhidos por votação. Pois é... tudo isso parece até conto da carochinha...

Mas a tragicomédia não para por aí. Isso tudo ocorre debaixo do nariz do Distrito SP, com autorização do antigo superintendente! E sabe quem é responsável pelo trabalho? Um pastor que faz parte do Distrito Sudeste Paulista. É pra rir ou chorar?????? Estou num misto disso.

Como é que uma igreja pode ser respeitada se ela mesmo não tem ética com os pastores e seus membros? Como é que pode se chamar de "organização" uma igreja que não sabe nem administrar as coisas e não se importa em zelar pelo cuidado com ela mesmo? Patético...


Dois reinos não subsistem


Se até o próprio demônio, segundo Jesus em Marcos 3:22 a 6, não subsiste se lutar contra ele mesmo, como é que uma igreja pode existir assim?

Por isso posso afirmar que hoje, vivemos um caos organizacional. Digo isso com propriedade, pois sei muito bem o que estou falando, e essa é apenas a ponta do iceberg.

Espero de todo meu coração que atitudes sejam tomadas pra controlar essa bagunça que vivemos. Espero que os cargos não sejam apenas decorativos. Que a ética seja o princípio que rege as atitudes dos nossos líderes. Porque se eles não demonstrarem isso, como é que os membros vão confiar numa organização que trabalha desse modo?

Sou "velho" de igreja e sei muito bem que vários passaram lutas por conta de líderes autoritários e que fizeram coisas sem ninguém saber, por baixo dos panos. Mas esse período de "trevas", se depender de mim, acaba por aqui!!!

Chega de aceitar respostas padrão de líderes. Chega de ouvir e se calar. Chega de assembleias distritais que são pura formalidade e palanque pra apresentar "autoridades" e políticos locais. Chega de relatórios-padrão de ministérios e das juntas. É hora de expor as feridas e buscar tratamento. É hora de se chutar as mesas e derrubar as bancas dos mercadores nos templos. É hora de buscar uma nova visão do que é ser igreja, do que é ter comunhão e fazer valer o slogan "sua família é nossa prioridade"!

Nos gabamos por ser uma igreja pentecostal com traços tradicionais. Que voltemos então ao evangelho puro e simples.

Aguardamos uma resposta do nosso superintendente. Esperamos que as falhas grotescas da administração anterior não se repitam na atual. Esperamos que se tenha coragem e que haja auto-crítica, e não conveniência com erros.

Acredito que nossos líderes estão lá porque as pessoas confiaram neles ao elegê-los por votação. Que a retribuição a essa confiança seja feita.

Adendo final: Porque devemos criticar/julgar

Muitos vão ler esse texto e vir com aquele discurso de que, não devemos julgar, que não devemos expor as deficiências da igreja em público pra não envergonhar o evangelho.

Meus irmãos, se nós aceitarmos atitudes como essas, estamos sendo cúmplices de algo que não praticamos. Além do mais, o que envergonha o evangelho não é o fato de criticar esses pontos, e sim, a atitude criticada. Isso sim é que envergonha a Cristo, que deve olhar do céu com as mãos na cabeça desaprovando isso tudo. Não era esse o objetivo do plano da salvação, mas nem de longe!

O sonho Dele com certeza era de uma igreja sólida. Se chegamos num ponto em que os ímpios são mais éticos que nós, que deveríamos ter o dever de seguir os passos daquele que demonstrou princípios de amor e misericórdia, é porque estamos sim num caos...

Deixo aqui como uma ótima leitura e referência, esse texto do blog Genizah, que é um excelente divulgador das falcatruas e embustes que vivemos hoje - Devemos Julgar?. Espero que você leia e entenda o porquê devemos sim julgar e corrigir os erros.

Insiro esse versículo abaixo, que aparece no final desse texto que coloquei acima, pra você avaliar se é ou não necessário apontarmos as falhas e buscarmos corrigi-las.

“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda longanimidade e doutrina. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina, pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se a fábulas.” 2 Tm 4:2-3

Que Deus nos ajude a voltarmos aos princípios dos apóstolos, aqueles que distribuíam seus bens e a ninguém faltava nada!