quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Esquecer o passado! Mas e a lei da semeadura?

Que brasileiro tem memória curta isso é fato. Vide a eleição de políticos corruptos, "ficha-suja". O povo esquece fácil de histórias do passado e de fatos distantes. Qualquer coisa nova tira a atenção do que foi feito anteriormente. Até porque isso é normal do ser-humano, é intrínseco de nós o querer pensar no presente e planejar o futuro.

O que não justifica é querer apagar fatos. Mesmo que nossa memória tente apagar, qualquer coisa que remeta-nos àquela lembrança traz à nossa cabeça no mesmo instante a história ou parte dela. Uma fala, um gesto ou um objeto pode nos trazer pensamentos de tempos anteriores em segundos.

Gostaria de contar ao leitor uma pequena história bem resumida, através de uma foto, pra chegar no ponto central do tema do post.



A foto que coloco aqui é de uma placa de metal com o símbolo da Igreja do Nazareno. Essa placa foi a primeira da igreja na cidade de Amparo, quando ainda era congregação, e ficava na rua Arinda Wadt Pimenta, no centro - considerada uma "rua morta" por ser sem saída, e que, segundo alguns "profetas" de língua ácida, não tinha chance nenhuma de "virar" igreja naquele local.

Essa placa, portanto, é histórica. Já devia ter sido utilizada em outros locais. Uma placa, um símbolo. O logo da igreja que transmite a mensagem de "Santidade ao Senhor" representado pela pomba do Espírito Santo sobre a Bíblia, e que nos remete à busca do conhecimento de Deus.

Apenas um objeto inanimado que exibe um símbolo. Tem alguma importância ou é isso relevante pra igreja? De fato, não. Afinal não depositamos nossa fé e nem transferimos nossa crença em coisas ou objetos feitos por nossas mãos. Que importância então tem essa placa?

O fato que quero ressaltar aqui é que ela foi encontrada junto a entulhos do templo da igreja em Amparo, prestes a ser colocada na caçamba, não fosse o cuidado de uma irmã de outra denominação que sentiu um peso enorme no coração ao perceber que iria perder um artefato histórico, digamos assim. Essa mesma irmã ficou pensativa e com o coração apertado ao ver que a placa iria ser destruída.

Mesmo sem saber por onde ela passou, onde foi usada e quanto tempo ela tinha, essa pessoa teve o tato e o carinho de levantar a informação e checar se realmente a placa era pra ser destruída.

Apego a objetos? A coisas? De modo nenhum! - parafraseando Paulo. A sensibilidade de uma pessoa prevaleceu sobre a ignorância de alguns ao menosprezar esse item como um objeto descartável. Isso é como se faz a história. Isso é cuidado com nosso passado. Sem pessoas assim, talvez trechos do que conhecemos hoje da Bíblia e seus livros nunca teriam chegado até nós.

Li um texto de um pastor comentando sobre o passado, que devemos esquece-lo, prosseguir para o alvo, abandonando a maldição da escravidão e partir rumo à nova terra. De fato, Paulo, em carta aos Filipenses, fala sobre esquecer as coisas que para traz ficam, avançando para o alvo que é o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus (Fp 3:13-14). Antes porém, ele cita alguns problemas que enfrentou. Creio que o sentido do texto é de que devemos progredir espiritualmente, buscando um alimento sólido e deixando o leite materno. (1 Cor 3:1-2).

Paulo não queria dizer que devíamos apagar completamente o passado. Muito menos menosprezar o que já se passou ou remover da nossa mente trechos da história. O próprio sempre comentava e agradecia por estadia, mantimentos e contribuições que alguns irmãos faziam, no final de algumas de suas cartas. Paulo não era tolo o suficiente pra não se lembrar de coisas importantes desse tipo.

O ponto aonde quero chegar é que hoje, as pessoas querem apagar coisas do passado como se elas tivessem o direito de reescrever uma história. É como se você quisesse reutilizar um filme daquelas câmeras antigas, rebobinando o rolo. Os mais velhos entenderão.

É fisicamente e até cientificamente impossível voltar ao tempo e mudar o curso de um evento passado (até o dia que essa postagem foi feita, pelo menos). Porque então alguém gostaria de fazer isso? Qual a motivação?

É difícil saber o porquê. Uma coisa certa é que, se algo não nos agradou, nossa mente trabalha pra esquecer logo o fato e substituir por algo bom e bacana. E assim a memória se encarrega de encaixotar a lembrança.

Não sei a motivação da placa ter sido jogada. Falta de espaço? Não servia pra mais nada? Mágoa por alguma coisa? Não sei realmente. Só sei que as pessoas precisam ter mais cuidado com o que é histórico e não simplesmente desprezar algo por não ser valioso ou útil no momento. Isso só releva o quanto as pessoas estão preocupadas com o presente, esquecendo e passando por cima de uma das orientações bíblicas e que é até uma lei da física (terceira lei de Newton): toda ação, tem uma reação. Aquilo que plantarmos vamos colher."... porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará" (Gálatas 6:7-8). É a famosa lei da semeadura.

Não seja burro o suficiente de achar que os acontecimentos que você acha que foram ruins precisam ser apagados da sua mente. Seja maduro a ponto de encarar os mesmos como aprendizado, por mais clichê que isso possa parecer.

Se o passado reflete no futuro, não deixemos que o presente nos caleje a ponto de ignorarmos coisas importantes e pontos marcantes. Mas claro que, sempre olhando para o futuro, prosseguindo nosso caminhar na terra de modo digno e honrado.

Existem fatos muito mais complexos, tristes e assustadores do que o desprezo por essa placa. Mas não entrarão no mérito dessa postagem, pois senão teremos um livro e sua leitura ficaria pesada e demorada.

Deixo esse texto de Tiago que resume meu post de forma clara.
E sede cumpridores da palavra, e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.
Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural;
Porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era.
Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecediço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito.
Se alguém entre vós cuida ser religioso, e não refreia a sua língua, antes engana o seu coração, a religião desse é vã.
A religião pura e imaculada para com Deus e Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo. 
Tiago 1:22-27

Que Deus nos preserve a memória de fatos importantes do nosso caminhar, pra que possamos refletir e amadurecer na fé e na vida! E que tenhamos mais amor e menos rancor no coração!



domingo, 11 de agosto de 2013

Ao meu pai

Sempre que chegam essas datas específicas fico me pensando porque o ser humano precisa parar pra refletir e repensar suas perspectivas de vida apenas nessas ocasiões. Nós somos baseados em padrões e, portanto, só nos damos conta das coisas simples, mas importantes da vida nessas datas.

Meu pai é assim, um sujeito simples. Gosta das coisas boas da vida, como um bom café forte, o cheiro do mato e natureza e de pescar - mesmo eu não achando que isso é tão bom assim como ele acha.

Nos últimos tempos, e principalmente agora que sou homem casado, começo a entender um pouco toda a preocupação e responsabilidade que ele tinha e tem em casa. Quando a gente é novo, adolescente, a figura do pai como o cabeça da casa incomoda e às vezes parece conter toda nossa impulsividade da juventude. Questionamos ordens, discutimos ideias e confrontamos regras. É normal. Daí a importância da figura do meu pai no meu caráter. Quando novo sempre fui um cara impulsivo, assim como 99% da molecada. Sempre discutíamos coisas em geral, e sempre ele me passou aquela serenidade e experiência que só os anos e as etapas da vida de um homem podem proporcionar. Aprendi a ouvir mais as pessoas antes de formar minha opinião. Aprendi a pensar duas vezes antes de falar.

Ele é teimoso e meio sangüíneo às vezes. Mas quem não é, né? Herdei a teimosia dele, mas o temperamento nem tanto (ok, às vezes fico meio nervosinho, mas precisa muito pra isso).

Ainda não sou um homem formado. Estou engatinhando nessa escola. Parando pra analisar esse meu curto tempo posso ter a certeza que meu pai me preparou pra vida. Junto com minha mãe me ensinaram como lidar com as dificuldades sem ter medo de enfrenta-las, sabendo que, quando eu precisar eles vão estar ali, do meu lado.

Sinceridade, honestidade e respeito ao próximo. Devo essas lições ao meu pai, que mesmo sendo injustiçado nos últimos anos e passando por dificuldades, sempre manteve a honradez nas atitudes. Sempre se manteve fiel aos princípios de Cristo, que são os meus também. Amar ao próximo como a si mesmo, e a Deus acima de todas as coisas.

Se sou o que sou, agradeço a você pai! Te amo!


terça-feira, 2 de abril de 2013

A falta de cuidado com nossos pastores

No último fim-de-semana faleceu o Pr. Eurico Silva, pastor da Igreja do Nazareno de Amparo. Um homem que há anos está na igreja com sua família, servindo a Deus com seu ministério pastoral e também de louvor.

Diga-se de passagem o amado pastor tinha uma voz muito original, de tom aveludado, sem perder a força que o timbre que um cantor negro tem. As ministrações do pastor eram marcadas pela entrega total ao momento de adoração. As músicas gravadas nos seus CDs expressavam um comprometimento com o que ele pensava. Hinos tradicionais e versões de músicas clássicas da igreja eram o ponto forte do pastor. Quem não se lembra de "Quando Jesus Estendeu A Sua Mão Para Mim", música de Mattos Nascimento, que o pastor Eurico interpretava com uma lucidez e suavidade inesquecíveis? Era realmente emocionante de se ouvir. (ouça um pouco nesse vídeo, "Há muita gente" http://www.youtube.com/watch?v=LZM0sBh9Hb8).

Infelizmente o pastor faleceu por conta de complicações respiratórias. Uma embolia pulmonar se agravou no sábado, dia 30 de março, véspera do domingo de Páscoa. O Rev. Humberto comentou entre os que estavam no hospital de Amparo que, a falta de espaço na UTI e de médico no local, resultaram no falecimento do pastor. Havia também problemas de saúde enfrentados pelo pastor que complicaram o quadro.

O ponto que quero discutir em meio a esse momento de tristeza, é a falta de tato e cuidado com os ministros da nossa igreja. Sei que parte da culpa disso é o esfriamento do amor pela obra, pela igreja, que os membros passam atualmente. São raros os exemplos de igrejas que apóiam o pastor através da junta ou até mesmo de iniciativas próprias, no sentido de prover suporte para as necessidades da família pastoral. Posso contar nos dedos, pelo meu pequeno conhecimento, igrejas que oferecem benefícios que vão além do salário, que é digno da vocação de um pastor.


Sei, como ninguém, das dificuldades de orçamento que algumas igrejas passam, dos apertos e que, em certas circunstâncias, os pastores são obrigados a assumir uma tarefa secundária ao pastoreado, para poder manter suas famílias. Sei também que, em algumas igrejas, às vezes isso não é entendido direito, pois alguns acham que o pastor devia dedicar seu tempo integralmente à função, mas não colaboram com o dízimo, ofertas ou algum outro tipo de caridade com a igreja. Esses são os hipócritas que existem no meio do trigo, e isso é bem claro hoje em dia nas igrejas. Mas não é o foco da minha narrativa.

O que não é admissível, é aceitar que, por conta disso, os pastores devem suportar essa carga sozinhos, sem um auxílio ou cobertura da liderança da igreja. Afinal, conforme a estrutura da Igreja do Nazareno, os distritos servem para auxiliar os pastores em seus ministérios. Segundo o manual, na versão de 2009-2013, o distrito nada mais é que "uma entidade formada por igrejas locais organizadas e interdependentes, para facilitar a missão de cada igreja local através do apoio mútuo, colaboração e partilha de recursos" (Cáp II, pág. 91, A.200).

O que vemos, infelizmente é a falta do apoio mútuo, colaboração e partilha de recursos, em alguns casos. Não quero ser injusto em dizer que há um caos na administração das nossas igrejas, mas afirmo com conhecimento de causa, que os pastores não tem o suporte ideal pra exercer seu ministério com tranquilidade e segurança do amanhã.

Não culpo lideranças específicas. Minha crítica é pra igreja como um todo. Não quero ser imparcial e deixar de citar que certos feitos tem beneficiado e auxiliado os pastores, como cesta-básica e o desconto conseguido nos planos de saúde. Mas é suficiente para garantir a tranquilidade numa família pastoral?

No caso do pastor Eurico, que não tinha o plano de saúde, mesmo com o benefício conseguido pelo distrito, se o mesmo fosse pago pela igreja local ou até mesmo pelo distrito, será que o pastor teria chegado a esse ponto? Será que se, de fato, nossas igrejas e nossos distritos tivessem mais zelo pelos pastores não haveriam menos problemas emocionais e de saúde como constatamos hoje? Será que se o distrito fosse mais solidário com igrejas que precisam de suporte financeiro e até organizacional, não teríamos igrejas mais fortes e um distrito mais compacto e firme? Esse é um exemplo recente de dúvidas que tenho, já que o fato é recente, mas e os acontecimentos, não menos graves e importantes, com outros pastores?

Não sei se lançar essas dúvidas irá causar alguma comoção na nossa liderança e nas igrejas locais. Não sei se estou sendo injusto ou até mesmo muito superficial na crítica. Mas o que sei é que nossos ministros precisam urgentemente receber um tato pessoal mais apurado.

Clamo aos nossos líderes pra que haja uma exortação às igrejas locais pra que cuidem de seus pastores de forma como rege o manual, e que os tratem com o devido respeito e dignidade que merecem. Clamo aos nossos distritos para que abram os olhos e façam uma breve análise da forma com que os pastores tem recebido atenção devida de seus líderes.

Enfim, só posso concluir que o trecho que Jesus cita o esfriamento do amor no nosso meio, infelizmente está acontecendo de forma sutil e rápida. "E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará", Mateus 24:12. É profecia de Cristo, é triste fato nos nossos dias. Queremos fazer parte daqueles que estão no próximo versículo, "Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo", Mateus 24:13.



Fica aqui minha sincera homenagem e condolências à família. Que recebam todo o apoio necessário da igreja e do distrito.


Que Deus conforte o coração e dê a certeza de que o pastor descansa em paz, agora, nos céus.





segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sobre o objetivo do blog


Há tempos venho pensando em criar um blog pra escrever minhas opiniões sobre o status atual das igrejas no nosso país. Não que a minha opinião seja tão relevante assim a ponto de ser imprescindível publicar textos de crítica ou elogio. Mas acho que se ninguém fala nada, apenas uma ou outra opinião é a correta. E sabemos bem que, quando não há crítica, não há crescimento.

Do ponto de vista cristão, sei que muitos não gostam de ouvir críticas. Somos um povo orgulhoso e achamos que só o que falamos está correto, só a nossa interpretação das coisas é a certa e real. Não ouvimos as pessoas. Julgamos antes de opinar. Eu digo nós, porque acho que me incluo nisso em certas circunstâncias, e me perdoe pela hipocrisia de admitir isso...

O meu objetivo com as postagens no blog é justamente tentar provocar discussões que levam a algum lugar de entendimento. Não quero gerar discórdia. Não quero arrumar brigas. Posso escrever besteiras e peço que, se você ler algo assim, me ajude com sua opinião pra chegarmos num consenso.

Os assuntos que quero tratar aqui se restringem (em grande parte) ao povo cristão. Se você ainda não conhece uma igreja, ou se nunca frequentou uma, não fique triste ou desanimado com os textos que eu venha colocar aqui. Não desacredite totalmente de uma igreja, porque quem faz parte do corpo de Cristo são as pessoas. São elas as responsáveis pelos erros que quero comentar. É a realidade dos fatos, crua e nua que quero retratar. São os meus sentimentos e as minhas percepções das coisas.

Mas nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido. Lucas 12:2.

É claro que vou citar muito do que vejo sobre a igreja que frequento (Igreja do Nazareno). Pode ser que alguns fiquem chateados com as postagens, mas o meu objetivo é abrir os olhos diante do que quero alertar: a falta das "Boas-novas de salvação". É triste, sim. Mas ainda há tempo pra enxergarmos os problemas e corrigi-los, tendo humildade em reconhecer as falhas.

Que Deus me dê sensatez pra escrever com sabedoria e discernimento do Espírito Santo.